quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Profissão "Esportista"

O esporte está entre as criações mais fascinantes do ser humano. Desde a antiguidade as práticas esportivas se baseiam na filosofia da busca pelo equilíbrio entre corpo e mente para se alcançar uma vida plena. De fato, a prática regular de esportes, quando bem orientada, pode contribuir para melhora do condicionamento físico, elevar a auto estima, e também diminuir o risco de doenças oportunistas. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a cada dólar gasto com esporte economizam-se três com saúde. Além disso, pessoas que praticam atividades esportivas costumam ser mais disciplinadas e sociáveis. Entretanto, o que torna o esporte um verdadeiro fenômeno, é o grande número de praticantes em todo o mundo, motivados apenas pelo prazer intrínseco proporcionado pelas disputas individuais e coletivas.
Entretanto, a partir do início do século passado, com o advento das transmissões de rádio, da televisão décadas depois, e atualmente de computadores, as competições esportivas ganharam maior repercussão mundial, tornando-se parte importante da indústria do entretenimento. Assim, o esporte até então considerado amador, ganhou status de profissão, passando a remunerar muito bem seus principais destaques. Essa “indústria do esporte” influenciada pelo capitalismo, gerou um gigantesco mercado consumidor de produtos relacionados a quase todos os tipos de modalidades. Em países economicamente subdesenvolvidos como o Brasil, onde a maioria dos esportistas é proveniente das camadas menos favorecidas da sociedade, o esporte profissional se transformou em esperança de sobrevivência para muitas pessoas. Dessa forma, eventualmente nos deparamos com histórias de superação de pessoas que alcançam o estrelato no mundo esportivo graças a muita força de vontade, fé, abnegação e a uma série de fatores que se combinam algumas vezes de maneira improvável. Infelizmente essas histórias muitas vezes distorcem a realidade e provocam uma espécie de ilusão na população.
A principio atuar no esporte profissional parece uma tarefa extremamente simples, principalmente em modalidades populares como atletismo e futebol. Porém, para se tornar um esportista de destaque, além de vontade é necessário: talento, capacidade física, perfil psicológico, disciplina, estudo e apoio familiar. Assim como em qualquer outra área profissional, o esportista também deve investir constantemente em sua carreira, o que significa lançar mão de recursos próprios, algo normalmente inviável para uma família de baixa renda. Consequentemente, a maioria dos jovens que ingressam no esporte visando uma carreira profissional nem ao menos chega a participar de uma competição oficial, fato este que pode causar grande decepção em suas vidas.
Para quem sonha em ser esportista profissional, aconselho antes de qualquer coisa a realizar exames médicos, para verificar se possui aptidão para atividades físicas extenuantes. Na sequência, deverá escolher a modalidade com a qual mais se identificar; se informar a respeito dos bastidores do esporte com alguém que já atue na área, seja como competidor, treinador, professor de educação física, coordenador, etc.; e por fim, buscar um centro esportivo que proporcione o aprendizado desejado e esteja dentro de suas possibilidades financeiras. Quando conseguir obter performances excelentes, talvez seja necessário conseguir um patrocínio para custear viagens ou para se inscrever nas competições. É importante salientar que, um indivíduo só conseguirá se manter do esporte enquanto seus resultados forem extremamente satisfatórios para aqueles que investirem em seu trabalho. O apoio familiar, sem dúvida, será importantíssimo para que se possa seguir em direção aos objetivos de maneira racional.

sábado, 22 de setembro de 2012

Um poema na parede

Publicada no jornal O Estado de São Paulo, em 24 de setembro de 1995



Armando Nogueira
 

Ganhei uma camisa do Pequeninos do Jockey. Não é pra vestir, é pra guardar. É troféu. Vem autografada por mais de 100 garotos que aprendem a jogar bola pela mão do Velho Guima, como é chamado no clube o Guimarães. Até outro dia, eu não sabia quem era o Guimarães. Agora, já sei tudo sobre o homem. Ele começou a vida como cavalariço do Jockey Clube de São Paulo. Hoje, ensina futebol e dá lições de vida a centenas de meninos pobres, no Clube Pequeninos do Jockey. Só pode ser um bom sujeito esse Guimarães.
Leio, numa revista americana de esportes, longa reportagem sobre um jogador de futebol americano, Drew Bledsoe. O pai, Mac, treinador-assistente de um time perto de Washington, me lembra a história do Guimarães. Uma vida cuidando da sorte de crianças.
Na sala de jantar dos Bledsoe, há uma placa pendurada na parede. Na placa, um pequeno poema que diz assim:


Daqui a 100 anos, nenhuma importância terá
A marca do carro que eu dirigia
Nem a casa em que vivia
Nem quanto dinheiro eu tinha no banco
Nem se minhas roupas eram bonitas ou feias.
Mas o mundo, certamente, será um pouco melhor
Porque eu fui importante na vida de uma criança.


O Poema cabe direitinho na parede da sala de jantar do Guimarães.